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Fazendo justiça com as próprias mães

Créditos: Mães de Acari, acervo Rede Contra a Violência; data e autoria não informadas; frase de Deley de Acari, retirada da Crônica "Dona Edméia ou fazendo justiça com as próprias mães". Disponível neste link

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Em 26 de julho de 1990, onze jovens foram passear no sítio da avó de um deles, na Estrada Fim da Picada, em Suruí, Magé, quando policiais invadiram a casa exigindo jóias e dinheiro.

Créditos: Marcha das Mães de Acari, foto de Alaor Filho, data não informada.

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Laudicena de Oliveira era caseira no sítio e viu quando os policiais entraram na casa para levar os 11 jovens. Em reportagem da época: "Assim que souberam do sequestro, as mães se mobilizaram. Foram até Magé e quase não conseguem passar pelo pedágio porque uma barreira de PMs — avisados de que um grupo de Acari ia invadir a cidade — tentou impedi-las de ir adiante. Com a ajuda de um advogado, as mães conseguiram chegar ao delegado em Magé (...)".

Créditos: Laudicena de Oliveira e o jornalista Carlos Nobre, foto de Carlos Nobre, Suruí, Magé, 1993.

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Créditos: jornal O Globo, autoria não mencionada, 04.08.1990; foto: arquivo Rede Globo.

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"(...) escavações eram feitas em terrenos baldios ou extensas áreas desertas de Magé, covas eram reabertas no cemitério local, sob suspeitas de que nelas teriam sido sepultados as vítimas do sequestro". Uma moradora de Acari lembrou que muitos deles lotavam Kombis, em mutirão, para ajudar nas buscas.

Créditos: Foto dos bombeiros: Fernando Maia, jornal O Globo, 17.02.1993. Disponível no Jornal O Globo. Trecho de reportagem de origem e data desconhecidos, do "Caderno de recortes de Tereza [mãe de Acari]”, cit. na dissertação de Fábio Araújo, 2007, p.45.

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Vera Flores, Marilene Lima e Patricia Oliveira em busca dos desaparecidos.

Créditos: foto de Carlos Cruz Nobre.

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"Éramos guerreiras. Chovesse ou fizesse sol, a gente corria atrás de uma pista que nos levasse aos nossos filhos. Subíamos e descíamos os morros por aí, arriscando nossas vidas, entrando em patrulhas da PM, até calarem uma de nós."

Créditos: Foto com Tereza Souza Costa, de autoria de Daniel Marenco/Agência O Globo; trecho da reportagem de Vera Araújo, “Após 25 anos, responsáveis pela chacina de Acari não foram punidos”, Disponível no link do Jornal O Globo - 03.08.2015

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O assassinato de Edméia, 47 anos, marcou as mães. Em julho de 1993, Edméia teria obtido informações sobre o caso numa visita ao presídio da Frei Caneca. No caminho para o metrô, um homem numa Parati vermelha chamou seu nome e disparou um tiro que atingiu sua cabeça. Sheila da Conceição, que seguia com ela, foi morta também.

Foto de Jorge William/Agência O Globo, 19.01.1993). Disponível no link do Jornal O Globo

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O 9º Batalhão da PM, comandado por Emir Larangeira, abrigava o grupo de extermínio Cavalos Corredores. O grupo extorquia traficantes, roubava armas, cargas, realizava sequestros, mortes e desaparecimentos. Seus policiais permaneceram no noticiário envolvidos também nas Chacinas da Candelária e de Vigário Geral.

Créditos: Enterro de Edméia/foto de Jaime Silva; trecho retirado de reportagem de origem, autoria e data desconhecidas, "Caderno de recortes de Tereza/mãe de Acari”, cit. na dissertação de Fábio Araújo, 2007, p. 43.

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Edméia da Silva Eusébio, mãe de Luis Henrique: "Ela era muito valente, decidida, uma mulher que conhecia a cultura de extermínio dos policiais militares na favela de Acari. As primeiras reuniões antes de se tornarem Mães de Acari começaram na casa dela”.

Frases retiradas da tese de Rita de Freitas (2000, p.61), do áudio de entrevista realizada com Joana Silva de Oliveira, por Fábio Araújo (2010) e post de Carlos Cruz Nobre, em seu perfil no Facebook, data: 31.03.2018.

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Vera Lúcia Flores, mãe de Cristiane: "Nós somos as mais abusadas. Saímos dos nossos empregos e passávamos o dia atrás de pistas. Mas a sociedade achava que eles tinham que morrer mesmo".

Créditos: foto de Fábio Araújo; data não mencionada; fala de Vera, jornal O Globo, data: 08.05.2005 (Araújo, 2007, p.55).

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Vera Flores com Izildete dos Santos, que também teve seu filho desaparecido, em 2003, na Baixada Fluminense.

Créditos: foto do blog do documentário Luto como Mãe, disponível neste link

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"Quando fomos depor, o delegado Heraldo Gomes disse que não falava com mãe chorando, só com deputados. Se nossos filhos fossem ricos e não negros, pobres e favelados, os culpados já teriam aparecido e nós teríamos sido tratadas de outra maneira".

Créditos: foto de Patricia Oliveira; trecho de fala de Vera, Jornal do Ceap, no "Caderno de recortes de Tereza" (Araújo, 2007, p.48).

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Tereza de Souza Costa, mãe de Edson (a primeira, à direita): "Eu sinto saudades, saudades muito grande. Meu marido sofre, bebe e chora a falta do Edson. Queremos resolver essa angústia e que as autoridades façam os culpados confessarem o que fizeram com os nossos filhos”.

Créditos: Foto de Alexandre Magalhães, "20 Anos de Acari", julho de 2010; trecho de fala de Tereza, Jornal do Ceap, sem data, "Caderno de recortes de Tereza" (Araújo (2007, p.48).

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Créditos: matéria de Aydano André Motta, "Locas de Acari. mães de garotos desaparecidos no Rio buscam o paradeiro dos filhos de seus assassinos", Istoé Senhor, data: 21.08.1991.

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Euzilar Joana Silva de Oliveira, a Joana, mãe de Hudson: "Tem osso no sítio, não sei onde, tem osso na praia, tem osso lá em Petrópolis, um cadáver não sei onde, e nunca chegava a lugar nenhum".

Créditos: foto Mães de Acari e detalhe, arquivo da Anistia Internacional. Trecho de entrevista com Euzilar Joana Silva de Oliveira, realizada por Fábio Araújo (áudio em mp3 do autor; data desconhecida).

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Ana Maria da Silva, mãe de Antônio Carlos (de blusa amarela): "Naquele tempo, uma tentava proteger a outra. Hoje, vejo que a luta foi em vão. Até agora não houve resultado. Só restou mesmo a saudade dos filhos e a amizade entre a gente.”

Créditos: Fala de Ana Maria em reportagem de Vera Araújo, “Após 25 anos, responsáveis pela chacina de Acari não foram punidos”,
Disponível no site do jornal O Globo - 3.08.2015

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Créditos: Cartaz do documentário Luto como Mãe, direção de Luís Carlos Nascimento, 70 min., 2011.

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Marilene Lima, mãe de Rosana: "Eu saía, ligava para Vera, Vera, vamos Vera. Quer dizer, eu fiz trabalho de detetive. No final de semana, as pessoas chegavam: Marilene, vamos para um churrasco, eu não queria. Eu queria ficar ali sentada para ver se alguém chegava. E aí você espera milagre. Quando chegou uma noite eu acordei e falei: Acabou!".

Créditos: foto de Patricia Oliveira, Brasília, data desconhecida; trecho de entrevista de Marilene, dissertação de Fábio Araújo (2007, p.72).

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As Mães de Acari tornaram-se tema de livros, pesquisas, documentário e participaram da novela Explode Coração. Ganharam também uma campanha para que movimentos e pessoas do mundo enviassem cartões postais. Outros fatos marcariam a internacionalização da luta: o apoio de Danielle Miterrand e o encontro com as mães da Praça de Maio, na Argentina.

Créditos: foto de Katja Schilirò, evento em homenagem aos 25 anos das Mães de Acari, OAB/RJ, Rio de Janeiro, julho de 2015.

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Créditos: Cartão postal da Campanha da Anistia enviado para as mães, arquivo Rede de Comunidades e Movimentos contra a violência, ano: 1995.

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Créditos: Cartão postal da Campanha da Anistia enviado para as mães, arquivo Rede de Comunidades e Movimentos contra a violência, ano: 1995.

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"Tenho medo de morrer, mas há uma pequena esperança de justiça", desabafa Rosângela da Silva, filha de Edméia. Ela será testemunha na audiência do assassinato da mãe e estará frente a frente com os acusados, 5 dos quais são PMs. Um deles é o coronel reformado Emir Larangeira. Em março de 2019 foi anunciado que 7 deles irão a juri popular.

Créditos: Foto de Carlo Wrede/Agência O Dia, reportagem de Adriana Cruz, “Medo e sonho de justiça de uma filha de Acari”, jornal O Dia, 26.08.2012

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Créditos: Certidão de óbito de Rosana Souza Santos, filha de Marilene, obtida em 2011, foto de Alexandre Magalhães/Acervo Rede Contra a violência.

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As Mães de Acari são referência hoje para movimentos que lutam contra a violência policial, o racismo estatal, por justiça e memória.

Créditos: foto de Alexandre Magalhães, "Ato pelos 20 anos de Acari", local: Avenida Brasil, Rio de Janeiro, julho de 2010.

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Vera Flores faleceu em 2008, após um pico de pressão, ela sofria de problemas no pulmão e de diabetes, tendo que amputar dois dedos; Marilene faleceu em 2012, vitimada por um câncer no cérebro. Ana Maria, Tereza e Joana seguem vivas, em 2015, duas delas estiveram na homenagem ocorrida na OAB/RJ.

Créditos: foto de Katja Schilirò, evento em homenagem aos 25 anos das Mães de Acari, Rio de Janeiro, julho de 2015.

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